Quase todos na sua casa tocavam algum instrumento: Edith tocava piano e cavaquinho, Otávio (mais conhecido como China) tocava violão de 6 e 7 cordas e banjo, cantava e declamava. Henrique e Léo tocavam violão e cavaquinho. Hermengarda não se tornou cantora profissional diante da proibição do pai. Pixinguinha começou seu aprendizado musical inicialmente com seus irmãos, que lhe ensinaram cavaquinho. Seu pai tocava flauta e promovia muitas festas em casa, das quais participavam chorões famosos, como por exemplo Villa Lobos, Quincas Laranjeira, Bonfiglio de Oliveira, Irineu de Almeida, entre outros. Pixinguinha cresceu ouvindo essas reuniões musicais, e, no dia seguinte a cada noitada, tirava de ouvido os chorinhos aprendidos na noite anterior, numa flauta de folha. Mas seu grande sonho mesmo era aprender a tocar requinta (uma espécie de clarinete). Não tendo dinheiro para comprar o instrumento para o filho, Alfredo foi lhe ensinando a tocar flauta mesmo.
Como dissemos, o respeitado flautista Irineu de Almeida que morava na "Pensão Viana" nessa época, começou também a passar seus conhecimentos para Pixinguinha, que progredia assustadoramente. Entusiasmado com a rapidez de seu aprendizado, seu pai presenteou-lhe com uma flauta italiana da marca Balancina Billoro. Com essa flauta, além de tocar em bailes e quermesses, em 1911 Pixinguinha estreou em disco, como integrante do conjunto Pessoal do Bloco.
Seu primeiro emprego como flautista foi na Casa de Chope La Concha. Depois disso tocou em vários cassinos, cabarés, bares, tornando-se em pouco tempo conhecido nas noites da Lapa. Apresentava-se nos cinemas, com as orquestras que tocavam durante a projeção dos filmes mudos. Tocou também em peças do teatro Rio Branco, substituindo o flautista Antônio Maria Passos, que adoecera. Quando Passos voltou, surgiram reclamações de todos os lados, porque estavam todos acostumados com os shows de improviso que Pixinguinha fazia. Assim, um tempo depois, Passos perdeu seu lugar para o jovem flautista.
Sua primeira composição é de 1911, o choro Lata de leite. Segundo o livro Filho de Ogum Bexiguento, essa música "foi inspirada no costume dos chorões de beberem o leite que os leiteiros já haviam deixado nas portas das casas quando, de madrugada, retornavam das tocatas com seus instrumentos".
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